quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cagar na empresa...

Caros amigos, após alguns anos de ausência, eis-me de volta. Este meu regresso repentino, e sem aviso, deve-se a um facto que me anda a assolar desde que comecei a trabalhar na empresa onde trabalho agora.
É uma empresa internacional, o ambiente é semi-formal, fala-se Francês nos corredores, algum Inglês e algumas outras línguas, entre o Português, é claro. Um "Bonjour!" aqui, um "Ça vá?" ali, "Good Morning" acolá, uns mais sofisticados "Priviet" e os óbvios "Bom Dia" e "Boa Tarde" são as palavras trocadas durante todo o dia entre as mesmas pessoas do departamento. Enfim... a paneleirice do costume! Agora vocês pensam, e bem: "Onde é que tu queres chegar?". Bem, já vão perceber.
Para além dos gabinetes onde as pessoas trabalham, e onde passamos o dia a ver a mesma cara à nossa frente, e a conversar sobre coisas sérias, existe também a casa de banho que serve todo o departamento. Na maioria dos escritórios que conheço, as casas de banho são do tipo individual. Um gajo entra, fecha a porta à chave e lá dentro tem o seu lavatório, o seu urinol, se for dedicada apenas a homens, a sua cagadeira e, nas empresas mais modernaças, o seu bidé para lavar os “cudelhos”. Depois de fechado lá dentro um gajo pode fazer as badalhoquices que quiser à vontade, desde que lave as mãos no final e se certifique que não leva papel higiénico agarrado aos sapatos antes de sair. Ou seja, se estivermos naqueles dias em que os cocós só querem sair com um estrondoso peido a ajudar, estamos à vontade, pois não estará lá a D.ª Amélia secretária a ouvir. Se quisermos mijar a cantar, ou a assobiar, estamos à vontade, pois o Amílcar da sala de desenho não está a mijar no urinol mesmo ali ao lado e a ouvir o espetáculo. Se num dia de diarreia aguda, a pintura à pistola ecoa nas paredes de azulejo, problema nosso, não estará lá o Sr. Dupond da topografia a lavar as mãos enquanto aprecia o som da liquidez da nossa diarreia.
O inverso também é verdade: se o Sr. Dupond se desfizer em merda, só precisará de um pouco mais de papel higiénico para limpar as bordas do cú, de resto, não estaremos lá ao lado a apreciar a pintura.
Acontece que aqui na empresa, e em todo o 5º piso, existe 1 casa de banho de homens e 1 casa de banho de senhoras. As duas estão lado a lado e as portas estão sempre abertas. Mais, a casa de banho dos homens, tem dois urinóis, dois lavatórios e duas cabines para cagar. Só que as tais cabines são como nos WC’s dos centros comerciais: a porta está arregaçada 30 centímetros do chão e o tecto não existe e uma das cabines tem uma janela enorme com vista para o edifício em frente, também ele de escritórios.
Só que nos centros comerciais, tudo bem! O gajo que está na cabine do lado a ouvir, ou a lavar as mãos, não o conhecemos de lado nenhum! Mas na empresa toda a gente se conhece naquela base de cordialidade semi-falsa que todos bem conhecemos. E é aqui que reside o cerne da questão:

Quais as consequências sociais deste tipo de decisões arquitectónicas?

Pois são gravíssimas! Porque, se eu tento manter o meu “low profile” sempre que a natureza me impele a cagar na empresa, o mesmo não acontece com certas e determinadas pessoas do departamento.
Sempre que estou comodamente sentado na cagadeira, devidamente forrada a papel higiénico, (alcatifada portanto) e sinto que alguém entrou para dar uma mija, reduzo os meus ruídos cagativos ao mínimo. É que o silêncio na casa de banho, é profundo suficiente para se ouvir os pantelhos do gajo a roçar nas calças enquanto saca a pila para mijar. A partir daí deixo de puxar os cócós com a mesma firmeza, com medo que a outra pessoa me ouça a puxá-los (aos cocós portanto) – “Hmffff...Hmffffff...” – ou que pelos interstícios do cagalhoto, saia um peidito repenicado – “prrrrrrrrrrriiiiiii…”. E, se já estiver na altura de limpar o rebordedo, aguardo que a pessoa saia para que não ouça a aspereza do papel a roçar os meus suaves “cudelhos”. Isto é, realmente, muito-extremamente-desagradável, caralho! Mas ainda mais frequente é acontecer o contrário. Entro na casa de banho para ir dar uma mijinha rápida e deparo-me com o belo cenário de ver as duas cabines ocupadas.
(Ah! Não referi o pormenor que, quem está de fora, vê por baixo da porta as sombras das cabeças dos cagões. Um dia destes, descobri o perfil do meu chefe, sentadinho, pronto para a sua habitual cagadela depois de almoço).
E o que mais me espanta é que a maioria dos cagões do meu departamento não sofre de, digamos… vergonha! Portanto: Lá estou eu a mijar. Os gajos já deram conta, pois ouve-se perfeitamente os meus passos quando chego. Ouve-se o som do desabotoar da minha braguilha. Começa a ouvir-se o som do mijo a bater nas paredes do urinol e, ouve-se da cabine – “Hmmmfffff…..Prrrrááááá… Hmffffff…” – foda-se! Abotoo as calças, viro-me para ir lavar as mãos e – “Chlep” – mergulha o cagalhão do meu chefe. Será que molhou o cú? Viro-me para o secador de mãos, na esperança de que o barulho vá abafar qualquer outro som que saia da cabine e… o gajo da cabine do lado desfaz-se em merda de tal maneira que quase se ouve no piso inteiro. Ar e líquido por todo o lado – “Fffffffff…brlhhhhhhh…chlep…chlep…brlhhhhh…chlep….ffffffff…”. “Quem será?” – penso eu – “Não consigo ver o perfil na sombra que está no chão. Menos-mal. Assim não fico a pensar nisto.” Mas não é que o gajo limpa o cú, sai da cagadeira ainda a tempo de me apanhar a acabar de secar as mãos, diz boa tarde e pergunta-me se o meu projecto está a correr bem?! Era o senhor espanhol que não sei bem o que faz aqui no departamento, mas que agora também já não quero saber, caralho!
Então eu tenho a delicadeza de parar de puxar os cocós para não me peidar à frente das pessoas e estes caralhos cagam, literalmente, ao meu lado e ainda tentam meter conversa de coisas sérias! Foda-se! Reparem bem, para um cego é como se não houvesse diferença! Será que se tivéssemos algum colega cego, estas pessoas se comportavam da mesma maneira?E isto acontece todos os dias. Quer dizer, nem todos os dias um gajo sai de lá com riso de quem fez muito cocó, e tenta meter conversa de coisas sérias. Mas, todos os dias, vou mijar e encontro um ou dois gajos lá sentados a peidarem-se como se não houvesse amanhã. E a fazerem “Hmffff…Hmfff…”. E “Chlep…”. E “Prráááá…”. Roncolhos do caralho!

1 comentário:

Anónimo disse...

Salvé ao regresso